Por RICARDO NOBLAT - Blog do NOBLAT
Manchete da página 11 do primeiro caderno do jornal Valor, edição de hoje:
"Lula discute saída para evitar prisão de petistas".
Diz a notícia no seu primeiro parágrafo:
- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no comando das articulações
políticas e jurídicas para tentar salvar da prisão os acusados de montar o
esquema do mensalão. Lula e a cúpula do PT avaliam que já não há mais o que
fazer para evitar a condenação dos réus.
Assustei-me.
O julgamento do mensalão ainda não chegou à metade.
O destino dos réus depende exclusivamente do voto dos ministros do Supremo
Tribunal Federal. Haverá condenados e inocentes. E por fim os ministros fixarão
a pena dos condenados.
O que Lula poderá fazer para evitar que os condenados cumpram pena caso os
ministros assim decidam?
Os advogados sabem que medidas legais lhes restarão para livrar seus clientes
da cadeia. Para isso não precisam da ajuda de Lula.
Então Lula só poderá ajudar os advogados se atravessar a fronteira da
legalidade.
Como seria isso?
Pressionando os ministros do Supremo para que façam o que ele quer.
Ou pressionando Dilma para que ela pressione os ministros do Supremo.
Ou pressionando amigos dos ministros do Supremo para que os pressionem.
Onde fica o respeito à Justiça? À independência dos poderes? À própria
democracia.
Mantido o respeito, simplesmente Lula nada terá a fazer para evitar que
eventuais condenados sejam presos.
É por isso que a notícia do jornal assusta.
Lula foi protagonista de um escândalo dentro do outro.
Para tentar adiar o julgamento do mensalão, ele cabalou votos de ministros,
sugeriu ao ministro Gilmar Mendes que ele poderia ter problemas com a CPI do
Cachoeira e se ofereceu para livrá-lo de maiores embaraços.
Quanta afoiteza!
Gilmar subiu nas tamancas e contou o que ouvira de Lula.
O ex-presidente é conhecido por mandar às favas todos os escrúpulos quando
quer alcançar seus objetivos.
Daí o perigo que representa em certas ocasiões.
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