Do POLITICA & ECONOMIA NA REAL
Não foi totalmente inesperado, mas teve uma dose
relevante de surpresa a divulgação do crescimento de apenas 0,2% no primeiro
trimestre deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado. Neste ritmo, o
PIB anual cresceria ao redor de 2%. Deixemos de lado o resultado
(excepcionalmente ruim) do setor agrícola. O crescimento da indústria foi de
1,7% e do setor de serviços foi 1,3%. Ambos continuam com desempenho mensal
muito fraco - o crescimento da indústria foi levemente negativo em abril
(-0,2%). A análise dos segmentos da indústria e de serviços indica que o país
tende à estagnação de vez que o consumo das famílias está positivo, mas está
caindo em função da estabilização do mercado laboral e, principalmente, em
função do endividamento pessoal. Ou seja, enquanto a indústria patina, o
resultado do PIB flutuará em função do consumo. A agricultura permanece como a
"incógnita" da equação.
PIB : Riscos e oportunidades (II)
O resultado do PIB no primeiro trimestre deste ano
indica que não há espaço para o governo repetir a estratégia de 2008/09 para que
o PIB do país cresça. O estímulo ao investimento e seus correspondentes reflexos
sobre a competitividade brasileira são aspectos necessários, muito embora não
suficientes para que o PIB retorne ao patamar de pelo menos 5% de crescimento. O
estímulo ao investimento privado dependerá, do lado do empresário, da taxa de
juros, mas especialmente da desoneração fiscal. Do lado do mercado é preciso
alimentar o consumo doméstico. No que tange ao investimento público a coisa é
mais complicada : há um "nó" que mistura problemas de regulação, eficiência de
execução e problemas de litígio intra e extra no Estado.
PIB : Riscos e oportunidades (III)
Pelas razões acima relacionadas a questão do
crescimento se tornou mais complexa que em 2008. Além disso, o contexto
internacional indica um quadro de piora e não de melhora. Estes são os riscos. A
oportunidade consiste em aproveitar a atual conjuntura e organizar o governo
para exercer o seu papel de estimulador do crescimento. Não há no âmbito do
governo "centros de planejamento e execução" de políticas públicas voltadas para
o investimento. O próprio ministério do Desenvolvimento carece de mais poder
para propor políticas. Ademais, o PAC necessita de uma gestão mais ativa, seja
na fiscalização, seja na concepção e na implementação de investimentos públicos.
O Brasil não pode confirmar a percepção de que o seu crescimento é débil e
insustentável. É preciso reverter este quadro. Com paciência e gradualismo,
porque não será uma tarefa fácil.
Investimentos : alguns dados
Para ficar num eufemismo, o governo continua
demonstrando um extraordinário déficit de execução. Até abril, os gastos do PAC
foram inferiores aos realizados no mesmo período em 2010 e 2011. Obras
prioritárias como a transposição do rio São Francisco e a Ferrovia Norte Sul
estão com seus cronogramas totalmente estourados - em anos, não simplesmente em
dias ou meses. O DNIT acaba de confessar que 30 mil quilômetros de estradas dos
poucos mais de 50 mil sob sua responsabilidade estão sem contratos de manutenção
- e a maioria em frangalhos. Mais uma vez foi adiada a assinatura dos contratos
de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília.
O
PIB e o capital político do governo
O PIB é conceito incompreensível para a imensa
maioria da população brasileira, uma abstração que não entra no seu estômago nem
no seu bolso, assim como outros conceitos tais como superávit primário, metas de
inflação... O que interessa, popularmente, é a conta final, o que vai para sua
algibeira para pagar suas contas. Portanto, na frigideira de tantas discussões
sobre o que se quer saber é o seguinte : qual o efeito de tudo isso no emprego e
na renda do brasileiro ? É possível manter os dois em alta, com o horizonte que
se tem pela frente ? O capital político a presidente Dilma é este : a paz social
que isto proporciona.
Comentários:
Postar um comentário