De OGLOBO.COM.BR
Bruno Villas Bôas
Mesmo com mudança nas regras, ela ainda é a melhor opção para pequenos investidores
RIO - Com o corte dos juros básicos da economia (Selic) em 0,5 ponto
percentual na semana passada, para 8,5% ao ano, cerca de 1 milhão de brasileiros
estão com dinheiro aplicado em fundos de investimentos que rendem menos do que a
caderneta de poupança, segundo estimativa do Centro de Estudos em Finanças da
Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo. Os ganhos são menores para esses
cotistas mesmo com as novas regras da poupança, anunciadas pelo governo no
início de maio e que tornaram a caderneta menos rentável para evitar uma
migração de investidores dos fundos. Com a Selic igual ou inferior a 8,5% ao
ano, a poupança rende agora o equivalente a 70% da taxa básica mais a TR (Taxa
Referencial). Isso significa, no atual patamar de juros, um retorno um pouco
maior do que 0,48% ao mês.
Segundo William Eid Junior, professor da FGV, são 1,1 milhão de cotistas de
fundos DI (pós-fixados) e 900 mil cotistas de fundos de renda fixa (prefixado)
com ganhos abaixo da poupança, num total de 2 milhões. Como um mesmo investidor
pode ser cotista de mais de um fundo, Eid Junior estima que 1 milhão pessoas
estão com dinheiro aplicado em fundos menos rentáveis. O número foi levantado
com base em dados da Associação Brasileira das Entidades do Mercados Financeiro
e de Capitais (Anbima).
— Para saber se você é um desses investidores com rendimento menor nos fundos
de investimento, o primeiro passo é se informar sobre a taxa de administração
cobrada por seu banco. Essa taxa morde parte do ganho da aplicação e faz
diferença no rendimento líquido ao fim do mês — explica.
Especialista recomenda CDBs e Tesouro Direto
Segundo Rafael Paschoarelli, professor da USP e responsável pelo site
comdinheiro.com.br, a taxa de administração precisa ser inferior a 1,2% ao ano
para que um fundo DI seja mais rentável do que a poupança.
— O problema é que nos principais bancos privados é muito difícil achar uma
taxa tão competitiva por quem tem pouco dinheiro a investir — explica o
professor da USP.
Recentemente, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Itaú Unibanco reduziram
taxas de administração para tornar seus fundos mais competitivos. Mas a maioria
continua menos rentável que a caderneta (veja o quadro acima). Pelas
estatísticas da indústria, é preciso, em média, mais de R$ 25 mil para conseguir
um fundo com taxas inferiores a 1,2% ao ano.
Segundo Mauro Calil, gerente-geral do Instituto Nacional dos Investidores
(INI), as vantagens da poupança são claras: facilidade para resgate e isenção do
Imposto de Renda (IR). Ele afirma, no entanto, que existem outras opções mais
rentáveis no mercado, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de bancos
médios e o Tesouro Direto, sistema de compra e venda de títulos públicos para
pessoas físicas na internet.
— Ganhar mais na poupança do que nos fundos de investimento não significa que
o retorno é o melhor possível. O pequeno investidor precisa se organizar e
procurar aplicações melhores — afirma Calil, autor do livro “A receita do bolo”
(Editora Clube de Autores).
Mercado prevê corte da Selic em julho e agosto
O mercado prevê atualmente mais dois cortes da Selic nos próximos meses: o
primeiro em 0,5 ponto percentual, na próxima reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom), nos dias 10 e 11 de julho. E outra de 0,25 ponto em agosto,
para 7,75% ao ano. Se confirmado o movimento, a poupança passará a ter um
rendimento mensal de apenas 0,44%.
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