Do ESTADAO.COM.BR
AE - Agência Estado
A estratégia da construtora Delta de jogar sobre seu ex-diretor Cláudio Abreu
toda a responsabilidade pelos desvios identificados na Operação Monte Carlo
esbarra no farto material de investigação que a Polícia Federal tem sobre outros
integrantes da cúpula da empresa.
O inquérito, que tramita na 11.ª Vara Criminal Federal de Goiás, mostra que
Carlos Pacheco, diretor executivo licenciado da Delta - o número dois da
construtora -, e Heraldo Puccini Neto, responsável pela empresa na Região
Sudeste e considerado foragido da Justiça, mantiveram contato frequente com o
contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e outros integrantes
de sua organização entre março e agosto do ano passado.
A PF também identifica referências ao dono da empresa, Fernando Cavendish -
que se licenciou da presidência do conselho da construtora há 10 dias -, em
conversas de Cachoeira com Abreu e com o senador Demóstenes Torres (sem
partido-GO).
Nas gravações feitas pela PF, Pacheco é citado em pelo menos 22 diálogos do
contraventor e de seus aliados. Dois encontros foram agendados entre ele e
Cachoeira, indicam gravações realizadas em junho e julho do ano passado. Em 15
de junho, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez informa a Cachoeira que está
chegando na casa do contraventor "acompanhado de Cláudio, Heraldo e Pacheco".
Pacheco também teria se oferecido como sócio de Cachoeira na compra de um
terreno. Em 15 de agosto de 2011, Abreu leva um suposto recado do diretor ao
contraventor: "Falei que você tava comprando. Ele tá querendo entrar com você na
compra da área". Cachoeira propõe parcerias na construção de imóveis do Programa
Minha Casa, Minha vida: "Fala lá com o Pacheco, vê se ele tem interesse".
O contraventor também demonstra intimidade ao falar do número dois da Delta.
Em conversa com Abreu no dia 1.º de junho de 2011, Cachoeira manda: "Amanhã,
você dá uma cacetada no Pacheco porque não entrou nada viu? Tudo atrasado, tudo
atrasado". No dia seguinte, Cachoeira pede a Abreu que mande um avião a Brasília
para levar Demóstenes ao encontro de Pacheco em Goiânia. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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