De OGLOBO.COM.BR
Com agencias internacionais
Segundo fontes, mordomo do Papa Bento XVI não agiu sozinho
VATICANO – Um dos maiores escândalos de vazamento de informações secretas do
Vaticano parece estar se expandindo, com o surgimento de novas acusações.
Jornais italianos como o “Corriere della Sera” e o “Il Messaggero” divulgaram
nesta segunda-feira novas suspeitas de que o mordomo do Papa Bento XVI, Paolo
Gabriele, não agiu sozinho no vazamento de informações confidenciais para órgãos
da imprensa.
Segundo os veículos, um cardeal - ainda não identificado - dito próximo ao
Pontífice teria sido o principal articulador da ação. O jornal espanhol “El
País” divulga suspeitas de que uma mulher italiana, casada e serviçal de Bento
XVI, também participara do complô.
Apesar das novas denúncias, o Vaticano preferiu não comentar o assunto. Neste
domingo, Bento XVI, na aparição semanal na janela de seu apartamento, disse que
a Igreja e os fiéis estão vivendo “uma nova babel”, mas ressaltou que “o vento
bate na casa de Deus, mas um edifício construído sobre rocha sólida não cai”.
Fontes próximas ao Pontífice disseram que ele se sente “doído e atingido” pela
prisão de um de seus homens mais próximos.
Na semana passada, o mordomo Gabriele, de 46 anos, foi
preso após autoridades encontrarem uma série de documentos confidenciais em seu
apartamento. Em alguns dos textos vazados para a imprensa italiana, estavam
especificadas denúncias e casos de corrupção, má administração, nepotismo,
desentendimentos financeiros e troca de favores entre religiosos da alta
hierarquia da Igreja.
O Vaticano não possui prisão, por isso Gabriele está preso em uma “sala de
segurança” da polícia local, dentro dos limites do pequeno Estado. Se for
condenado, ele pode enfrentar mais de 30 anos de prisão por posse ilegal de
documentos. Ele cumpriria a pena em uma prisão italiana, graças a um acordo
entre Roma e o Vaticano.
Analistas perguntam “quem se beneficiaria com o vazamento de informações do
Vaticano?”. Outros suspeitam que algumas das instâncias da Santa Sé esperam, com
ansiedade, a renúncia ou a morte de Bento XVI – que acaba de cumprir 85 anos –
para assumir a cadeira que fora de São Pedro.
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