Impasse na Grécia para formação de novo governo
continua no foco. Bolsas na Europa e EUA caem e Ibovespa perde a linha dos 60
mil pontos
SÃO PAULO - A Europa, e especialmente a situação de impasse para a formação
de um novo governo na Grécia, continua no foco dos investidores, provocando mais
uma rodada de aversão ao risco nesta quarta. O dólar comercial iniciou a sessão
em alta e por volta de 10h10m operava com valorização de 0,92% cotado a R$
1,9570 na venda e R$ 1,9560 na compra. No exterior, a moeda americana avança em
relação ao euro. Um euro está sendo negociado a US$ 1,3018. O Ibovespa,
principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em queda e às
10h10m já perdia 1,08% aos 59.712 pontos, perdendo a linha dos 60 mil
pontos.
Todas as ações com maior peso no Ibovespa se desvalorizam: Vale PNA cai 1,29%
a R$ 38,86; Petrobras PN perde 2,02% a R$ 19,85; OGX Petróleo ON cai 2,04% a R$
13,39; Itaú Unibanco se desvaloriza 1,79% a R$ 28,53 e PDG Realty perde 0,79% a
R$ 4,99.
Na Europa, as Bolsas continuam refletindo o nervosismo em relação ao caso
grego e a situação temerária dos bancos na Espanha, que podem receber uma
injeção de dinheiro público para evitar insolvência. O Eurostoxx 50, que reúne
as blue chips europeias, cai 1,27%; o Ibex, índice da Bolsa de Madri, se
desvaloriza 3,50%; o Dax, da Bolsa de Frankfurt, perde 0,48%; o Cac, da Bolsa de
Paris, cai 1,01% e o FTSE, do pregão de Londres, tem baixa de 1,23%.
Os pregões dos Estados Unidos também abriram a quarta-feira no campo
negativo. Há pouco, o Dow Jones caía 0,87%; o S&P 500 perdia 1,01%, e o
Nasdaq Composto recuava 1,03%.
O impasse na Grécia continua. O líder do partido grego Coalizão para a
Esquerda Radical (Syriza, na sigla em grego), Alexis Tsipras, deve se reunir com
os líderes do partido conservador Nova Democracia e do centro-esquerda Pasok
para conversar. O líder conservador Antonis Samaras pediu nesta quarta-feira a
formação de um governo de coalizão, reunindo partidos de centro-direita
favoráveis à União Europeia. Segundo ele, a eleição do último domingo não deu
aos políticos um mandato para deixar a zona do euro
Mas a baixa possibilidade da formação de um governo de unidade no país
aumenta as chances da realização de novas eleições nos próximos meses. Com essa
indecisão, novas parcelas do pacote de ajuda que o último governo da Grécia
fechou com a Troika - Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia e
Banco Central Europeu (BCE) - correm o risco de não ser liberadas.
Alemanha e o Reino Unido fizeram leilões de títulos soberanos nesta quarta e
pagaram taxas de juro baixas. A Alemanha vendeu 5 bilhões de euros em bônus que
vencem em abril de 2017. Foram vendidos 4,032 bilhões de euros com juro médio de
0,56% contra 0,80 da operação anterior. O Reino Unido vendeu 2 bilhões de libras
com vencimento em 2042 a um juro médio de 3,224%, contra 3,43% do leilão
anterior. Os leilões mostram que os investidores procuram por ‘portos seguros’
para seu dinheiro. Alemanha e Reino Unido mantêm a classificação AAA das
agências de classificação de risco.
A Comissão
Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), mudou o tom e já defende
uma agenda de crescimento, na esteira da vitória do candidato socialista,
François Hollande, nas eleições presidenciais da França, e da rebelião no
Parlamento grego. Hollande se elegeu criticando o pacto de austeridade assinado
pelo bloco e defendendo medidas para estimular o crescimento econômico.
A Comissão quer voltar a discutir propostas de elevação de capital, inclusive
a injeção de 10 bilhões no Banco de Investimento Europeu (EIB, o “BNDES” do
bloco) para serem usados em projetos de transporte e construção. E confirmou a
realização da reunião de cúpula dos países do bloco no dia 28 de junho, quando o
assunto estará na pauta, apesar dos sinais de oposição da chanceler alemã,
Angela Merkel.
- A Europa tera que discutir medidas de estímulo ao crescimento econômico.
Embora a Alemanha se mantenha inflexível nesse sentido, as eleições na França e
na Grécia mostraram que esse será o melhor caminho para tentar debelar a crise -
diz o economista Raphael Martello, da consultoria Tendências.
No cenário doméstico, a inflação oficial, medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), acelerou um pouco mais do
que o previsto em abril, com alta de 0,64% no mês, segundo dados divulgados
nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa triplicou em relação ao avanço de 0,21% registrado em março. Foi o maior
índice mensal desde abril de 2011 (0,77%).
As Bolsas da Ásia encerraram em baixa, com preocupações sobre a zona do euro
trazidas pela Grécia. A Bolsa de Hong fechou em baixa pela quinta sessão e o
índice Hang Seng recuou 0,8%. Na China, o índice Xangai Composto caiu 1,7% e o
índice Shenzhen Composto perdeu 1,7%. Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei perdeu
1,49%.
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