Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL
Oito meses depois da posse e com a descarga de três ministros que não eram de sua cozinha no ar, a presidente Dilma está exatamente, em matéria de operação política, na mesma situação em que se encontrava às vésperas de assumir a vaga que Lula carinhosamente preparou para ela : mantém uma invejável base de apoio parlamentar no Congresso, e não sabe qual o grau de fidelidade tem de seus parceiros e em qual limite pode contar com eles. O rearranjo ministerial provocado pela saída de Palocci apenas aparentemente deu mais coesão, e, portanto, melhores condições de ação, à presidente. Na realidade, escancarou os amuos e descontentamentos dos partidos aliados. Sem que Dilma, talvez por falta de condições objetivas, talvez por vontade sincera de mudar a lógica perversa do presidencialismo do toma lá dá cá, tenha se entendido por seus apoiadores. O ar de rebelião na base governista está ficando irrespirável, pode ser despoluído um dia, mas a tensão, como o jogo está sendo jogado, é permanente. Dilma está numa encruzilhada, se cede às pressões cada vez mais escancaradas, mesmo que um tanto disfarçadamente, perde o pé das iniciativas. Se não cede, pode ser garroteada. E não tem muito para onde correr. Não tem diálogo com a oposição - o que de pouco adiantaria, pois o oposicionismo está em recesso, em crise de identidade. E as pessoas com quem poderia se socorrer no mundo político, são fervorosos adeptos da "realpolitik" a moda brasileira - é dando que se recebe. A "solidão do poder" é a síndrome que começa a acometer a presidente da República num momento em que ela precisa paz para pensar a boa política e crise econômica.
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