Por MIRIAM LEITÃO - De OGLOBO.
A crise da dívida na Europa não perdoa ninguém. O caso do Reino Unido mostra
que estar fora da conturbada zona do euro não garante a um país ficar livre da
recessão, como destaca Lia Valls, pesquisadora do Centro de Economia Aplicada do
Ibre/FGV.
Por ter registrado a segunda queda seguida do PIB - entre janeiro e março, a
economia teve retração de 0,2% em relação aos três meses anteriores, quando
havia recuado 0,3%, o Reino Unido já é o sétimo da União Europeia a estar em
recessão. Grécia, Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e Holanda já estavam nessa
lista indesejada. O "FT" diz que esses países experimentaram a
chamada "double-dip" recession (recessão de duplo mergulho).
Para conseguir melhorar as contas públicas e reduzir o déficit, que no ano
passado ficou em 8,3% do PIB - o quarto pior, só atrás dos da Irlanda (13%),
Grécia (9,1%) e Espanha (8,5%), o Reino Unido colocou em prática um rigoroso
plano de austeridade. Saiu cortando gastos e aumentando impostos. Mas o
resultado veio em forma de crescimento negativo.
No primeiro trimestre, a indústria teve queda de 0,4%; a construção, de 3%, e
os serviços cresceram só 0,1%.
- A crise na Europa também contamina países que não estão na zona do euro. A
ideia de cortar, cortar, tem tido efeito negativo na economia. E tem também a
consequência política: quem faz corte, depois, não consegue se reeleger. O
desafio é tentar sair da crise não só cortando gastos - diz Lia Valls.
É a segunda vez, desde a crise de 2008, que o Reino Unido tem recessão.
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